quinta-feira, 23 de novembro de 2023

O FIO DO DESTINO...


Entraste no meu sossego com gestos de quem nada procura e atitudes de quem não quer.

Foste ficando na minha quietude, com a tranquilidade de quem descansa e a paz de quem aprecia.
Provocaste o meu desassossego ao fazeres-te hábito nos meus dias e necessidade das tuas presenças.
Foi quando não te procurava que te encontrei.
Foi quando não te pedi que apareceste.
Passamos tanto tempo à espera que aconteça e quando ocorre, achamos que o tempo e o momento não é o certo, que é cedo demais, ou tarde em demasia.
E a coisa encontrada pode vir a ser a oportunidade perdida.
Perder-te a ti seria perder-me de mim,
porque o meu corpo só pede o nosso abraço,
os meus lábios apenas sentem o nosso beijo,
os meus olhos só veem os teus olhos,
o meu sorriso sorri pelo teu sorriso
e os meus gestos são meros trejeitos que respondem aos teus gestos.
Em mim coabita a certeza com a dúvida.
A certeza de que algo começou, mas a dúvida se avançará.
A convicção de que interrompemos, mas a indecisão de terminar.
A crença de que perdemos e a incerteza de voltar a encontrar.
Quero pensar que não tropeçámos mas que foi um planeado passo de dança.
Que o nosso medo criou um abismo onde o sonho erigirá uma ponte.
Que a resignação vedou o caminho mas a vontade descobrirá o percurso.
Porque aquele que foi um tempo, pode viver neste momento, se ainda quisermos ir a tempo.
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©Todos os Direitos de Autor reservados nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto
(Ilustração/imagem:retirada de @Pinterest -the red string of fate*)
[* Akai Ito, ou "Fio vermelho do destino" é uma lenda asiática.
Duas pessoas ligadas pelo fio vermelho são amantes destinados um ao outro, independentemente de tempo, lugar ou circunstância.
Este cabo mágico pode esticar-se ou emaranhar-se, mas nunca se quebrará. Este mito é semelhante ao conceito ocidental das almas gémeas]

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