sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Hoje, escondido em meio aos meus passados presentes, lembro com medo e saudade, como o amor um dia já me pareceu certo. O tempo passou, algumas dores ficaram e os traumas me parecem constantes. Independente disso, ainda caminho me apaixonando e, volta e meia, me dizendo que agora não é hora de amar. Mas, em silêncio, sei que sempre é hora de amar. Sei também que talvez o meu receio de amar seja só para ele ficar cada vez mais vizinho. Já que com tempo aprendi que quando rejeitamos o amor, o tornamos cada vez mais presente, pois o relembrar da necessidade de esquecer é uma memória presente e covarde.
Dores de amor caminham sempre conosco. A memória voa. A saudade é incansável. Mas o amor é certeza. E mesmo quando não é, deveria ser. O medo de amar é uma constante para todos que já foram para-raio dos descasos alheios. Mas amor é flor e cheiro, e, por mais que se vá, a flor sempre deixa seu perfume ao vento. E, por acaso você já viu o vento ir embora e nunca mais voltar? Ele sempre volta, vezes calmo, como quem sussurra e te conta algo, vezes se guarda para vir tempestivo, mas, quando vem, não há resistência que sirva de muro.
Que sejamos mistérios de amar, mas também vontade de viver. Que tenhamos medo, mas não descartemos a possibilidade de nos surpreender. Por fim, que sejamos sempre amor. E, se o medo quiser nos convencer que histórias e traumas se repetem, digamos a ele que ele precisa amar um pouco mais…

Frederico Elboni 

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A alguns meses atras eu queria te falar um milhão de coisas que não vou conseguir. O fato é que propositalmente eu evitei por muito tempo chegar até aqui. Mas eu sei e também não espero, vc nunca vai querer mudar. E talvez nem seja isso mesmo que salve a gente. Talvez seja isso só mais uma coisa pra eu poder apontar como vilão para esse nosso fim.
Infelizmente eu acho que a gente foi deixando aos poucos de existir. Digo um eu e você juntos. Separados, muito pelo contrário, eu dei um salto e me sinto mil vezes mais madura do que quando nos encontramos. Vc, como já disse, nunca se sentiu tão bem e com a personalidade tão bem definida. E não é querer arranjar mais um culpado, mas talvez tenha sido também esse crescimento independente um do outro que fez com que nós nos afastássemos. De certa forma a gente deixou de precisar um do outro, dos carinhos, dos conselhos, do ombro amigo, da simples presença. A falta se tornou comum e a falta de iniciativa banal. A gente se acostumou com a falta de romantismo, com as conversas formais, com
dormir desgarrado, com andar separados, com o desvio dos olhares e os encontros cada vez menos freqüentes. Eu via que vc se desapaixonava por mim e não tinha entusiasmo para lutar contra. Eu te via levando uma vida paralela cada vez mais forte e não tinha coragem para ir contra algo que te dava tanto prazer. E ao invés de abrir teus olhos, mesmo convencionalmente,eu poderia ter avisado que vc me perdia.
Eu segui teu exemplo e fui viver também. De uma vidinha vazia mesmo, mas que me fazia esquecer da dor que causava o teu descaso, que me fazia chegar em casa e dormir. Eu que sempre te tive como prioridade fui dando espaço a outras coisas para desbancar o amor que estava em primeiro lugar.
Porque você também nem no final das contas, quando o fogo já apagava, se deu ao trabalho de se ocupar com a gente. E eu imagino que nem agora, que estou te dando realmente adeus, vc venha a se preocupar. È muito a tua cara, a cara do cara pelo qual fui apaixonada por esses anos. Mas que me submeteu a tornar-me uma mulher sem expectativas, que amava sozinha e não espera nada, além de uma explicação no fim do dia.
E eu falei que não ia procurar culpados mas fica difícil não procurar quando é necessário se desvincular, tendo um coração que ainda bate. Bate forte. Eu preciso provar a mim mesma que não dá mais, e essa é a melhor forma que eu encontrei. Então não espere e não se magoe e nem me chame de ingrata por eu não falar do tempo lindo que conseguimos manter juntos. Eu fraquejaria. Choraria da forma que vc mais odeia e continuaria a ser quem eu não quero mais ser. Enfim meu amor, essa é a minha carta de despedida. A que você não vai ler até o final e que só servirá de explicações a mim mesma.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Um manifesto por menos joguinhos nas relações

“Acho que um certo jogo não faria mal.”
É o que diz a maioria das pessoas, em se tratando de conquistas ou de relacionamentos, em sentido mais geral possível.
Não ligar no dia seguinte – mesmo que isso custe horas sofridas de espera ao lado do telefone – é uma espécie de sacrifício torpe recompensado por uma pseudoautossuficiencia (provável que essa palavra nem exista) que, honestamente, nunca me enganou. Troca-se a liberdade de fazer o que realmente se tem vontade – ligar, elogiar, declarar-se – em nome de um orgulho besta que alguns desavisados têm chamado de amor próprio.
Desfrutando do meu irrenunciável direito de discordar, devo reconhecer que, sim, o tal joguinho da conquista faz verdadeiros milagres, por uma lógica tão simples quanto notável: tudo que as pessoas querem é provar para si mesmas que são capazes. O jogo duro da outra parte funciona como um desafio a ser superado – e vencido, muitas vezes, a todo custo. Cria-se uma ilusão cruel de querer: Você pensa que de fato quer algo – ou alguém – quando tudo o que quer, na verdade, é provar pra si mesmo e para o mundo que pode conseguir. Por que a vida é feita, basicamente, do “provar que pode”.
A conseqüência mais lamentável disso tudo é a perda talvez irrecuperável da transparência nas relações. E olha que não me refiro apenas aos inícios, onde o coração acelerado à espera de um telefonema é personagem principal: refiro-me também às relações de longa data – inclusive as de amizade – onde a sinceridade é tão necessária quanto escassa.
Do P.A ao amigo de infância, são poucos os que se arriscam à verdadeira e perigosa transparência. O jogo da sedução espalhou-se como um vírus e infectou as relações mais bonitas, mais abertas e mais sinceras, tornando-se um óbice travestido de escudo: que, embora nos proteja do sofrimento, dos priva do melhor de toda relação.
Eu, sinceramente, prefiro o amor real. Eu prefiro a entrega, ainda que, para isso, eu tenha que ser feita de boba de vez em quando. Prefiro me jogar de cabeça, mesmo que eu saia ferida algumas vezes – e mesmo que numa dessas vezes, seja fatal. Ligo quando quero ligar, abraço quando quero abraçar, declaro-me quando quero me declarar – e confesso que isso já me rendeu umas boas decepções, e, sobretudo, afastou-me daqueles que nunca mereceram um amor honesto. Paciência. Não jogo porque não sei jogar, mas, sobretudo, porque o que importa nessa vida é ser livre para amar e para entregar-se: a quem assim merecer. 


(Nathalí Macedo)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Quase ....

Há algo mais nocivo do que um quase? Do que uma quase conquista? Do que uma quase certeza? Do que um quase amor? Viver na iminência é ter um pé na beira do abismo e não poder se jogar ao mar. É ver o trio elétrico e não poder correr atrás por causa da perna engessada. É esticar os braços para fora da janela e perceber que o trem é tão veloz que sequer os dedos se tocaram. Porque sempre que a gente quase, a gente não foi. Sempre que a gente quase, a gente não é. Sempre que a gente quase, a gente não será.
Pela primeira vez na vida, quase gozara. Mas morreu sem saber o que é ter um orgasmo.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015