quinta-feira, 13 de agosto de 2015

"Antes de mais nada, acho justo começar dizendo que eu não sou de me distribuir por aí. Ou me perder em noitadas por diversas bocas, rostos e nomes. Essa versatilidade de sujeitos nunca fez minha cabeça. Para ser sincero, acho que sempre busquei um coração que me desse a oportunidade de plantar minhas sementes, cultivar, fazer crescer, regar, podar, e todas essas etapas que a gente cumpre quando planta feijão no algodão. Beleza, dinheiro ou status nunca foram as minhas prioridades ou sequer estiveram dentre os meus focos. Rostos feios têm beijos alucinantes. Bocas carnudas mordem línguas e trincam dentes. Não quero conversar com cifrões. Na verdade, prefiro as cifras. As nossas músicas e gostos em comum. Hoje, estar sozinho não é necessidade, mas sim opção. É que eu prefiro ir ao cinema sozinho, do que ter do meu lado alguém que nem sequer ri das piadas do filme. Ou se assusta numa cena de suspense. Se emociona num romance água com açúcar. Eu, do alto das minhas maiores decepções, busco alguém que me faça querer saltar dum penhasco por esse amor. Alguém que faça meu coração descompassar. Que faça ele disparar. Acelerar. Ou apresse o passo. Passe fora. Dê no pé. Rale peito. Porque, se for para ser assim, prefiro que nem seja. Não gasto lágrimas, tão pouco roupas. Fico em casa, ligo a TV e sonho. Ou leio livros. Ilusão por ilusão, prefiro as da ficção. Chega de amores platônicos, por favor. Eu mereço alguém de verdade." 

(Matheus Rocha)