quarta-feira, 25 de julho de 2012

Acho a maior graça.



Tomate previne isso; cebola previne aquilo; chocolate faz bem; chocolate
faz mal; um cálice
diário de vinho não tem problema; qualquer gole de álcool é nocivo; tome
água em
abundância, mas não exagere...


Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de
hábitos. Sei direitinho
o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.


Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco
anos.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz
perder toda a fé no
ser humano.
E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!
Caminhar faz bem; dançar faz bem; ficar em silêncio quando uma discussão
está pegando fogo,
faz muito bem; você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem
se sentir
arrependido de nada.
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é
prejudicial à saúde.
E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda.
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou
mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter
ninguém
atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular,
uau!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca.
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.

Sonhar é melhor do que nada.


Luís Fernando Veríssimo

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Strip-tease mais íntimo de todos.


Nesta noite, nada de meia-luz, música, velas, pétalas; nada de cinta-liga, salto alto, maquiagem, manobras sexuais; nada de jogo de sedução, nem de sedução propriamente dita. Nesta noite, apenas duas pessoas, exatamente como elas são. Não há nada mais íntimo que isso.
Não há strip-tease mais íntimo do que aquele em que você, exibindo suas sardas e marcas de espinhas, usando moletom, meias e seus enormes óculos de leitura, consegue olhar no fundo dos olhos daquele cara, sem qualquer pudor.
Não há strip-tease mais íntimo do que aquele em que você se sente à vontade para mostrar quem você é de verdade e falar o que você pensa e sente de verdade. Aquele em que, com a mesma leveza que tem para tirar cada peça de roupa diante do outro, você consegue tirar cada peça da máscara que usa diante da sociedade.
E começa o show…


- O olhar dele, nesta noite, não é de tesão como em noites anteriores.                   É de admiração, de respeito, quem sabe até de amor. E a relação dos dois, neste momento, deixa de ser um ensaio. Passa a ser real, passa a ser pra valer. Deixam de ser pessoas fragmentadas – tornam-se dois inteiros.
Tirar o sutiã e a calcinha é o de menos. O grande strip-tease é se livrar das máscaras.