segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Texto de 2007

Falando de Amor.

Li um texto de Mário Quintana esta semana que
falava sobre o amor e sobre auto-confiança.
O poema mostrava uma verdade que todos nós
esquecemos quando estamos apaixonados.
Direcionamos e entregamos de bandeja todos nossos
sonhos e esperanças para outra pessoa, para
o ser amado. Colocamos um peso danado nas
costas daquele(a) que deveria ser um(a)
companheiro(a) e não um burro de cargas. Daí,
começam as cobranças. O amor de sonhos de fadas,
o ilusório, o idealizado, acaba de uma hora para outra.
Existe uma diferença entre amor, paixão e obsessão.
O amor é algo puro que se constrói dia-a-dia, com
entregas, com concessões, com momentos
de cumplicidade. Isso aproxima as almas.
Já a paixão desenfreada cega, e, aos poucos, cansa,
gerando cobranças até se tornar uma obsessão doentia.
Tem pessoas que não conseguem viver mais sozinhas,
como num filme de ficção parecem que se misturam
na outra pessoa - no ser amado-, se tornando parte dele,
e, se este sair de sua vida, não conseguirá mais respirar
e irá morrer. Isto jamais pode ser amor, é apenas doença.
Só ama, aquele que realmente se respeita
como um indivíduo, não como uma sombra ou parte do outro.
Passamos nossas vidas correndo atrás da outra metade.
O conceito de outra parte que nos completa surgiu com
Platão, reforçando a tese espiritualista da alma gêmea.
Não estou discutindo e nem afirmando que não existem
pessoas que nasceram para outras pessoas.
Acredito até que esta idéia romântica é muito bonita,
e, em alguns casos, acontece. O que argumento é sobre
esta conspiração que a sociedade faz de sermos obrigado
a ter um relacionamento estável e feliz, como se isso
fosse a solução de todos nossos problemas.
Chegamos a esquecer nossas vidas, nossos traumas,
profissão, família e tantos outros anseios a favor ,
única e exclusivamente, de um grande amor.
“... O segredo é não correr atrás das borboletas...
é cuidar do jardim para que elas venham até você.
No final das contas, você vai achar não quem você
estava procurando, mas quem estava procurando você...”
Este é um trecho do texto de Mário Quintana, no seu
poema Amadurecimento. A maioria das pessoas passa
a vida toda correndo atrás de um ser especial,
um príncipe ou uma princesa encantada e esquece
de si próprio. Esquece de se tornar uma pessoa especial,
direcionando toda a sua vida e as suas energias
para laçar e conquistar este ser supremo. E, pior, mantê-lo
acorrentado do seu lado para o resto da vida, como
um prisioneiro. E com isso, a vida vai passando, vamos
nos tornando mais velhos, e nos damos conta de que
se não gostarmos de nós, se não sentirmos à vontade
em nossa própria companhia, não existirá
ninguém que possa nos amar de verdade.
Ao invés de passar sua vida correndo atrás das “ borboletas”,
vá cuidar do seu jardim para que ele seja florido
e sempre disposto a aceitar pessoas interessantes
em sua vida. E, se pôr acaso, você for flexado(a) pôr
um amor, será uma conseqüência deliciosa que
deverá viver com bastante intensidade. Mas , sempre,
você em primeiro lugar. Não pense que a renúncia
de seus sonhos e desejos em prol de alguém garantirá
este amor com final feliz, como nas novelas das oito e
nos filmes românticos. Amor é complemento. Se o seu
namoro e casamento não trazem a você alegria de viver,
chute o balde e vá cuidar do seu jardim. Torne-o
novamente florido e perfumado e atraia um novo amor.
Felicidade é um direito seu, como o ato de respirar.
Dê uma chance a você mesmo. Você deve ser
sempre o ator principal de sua história, não se
contente em ser um mero coadjuvante.

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