Ela se apaixonou e pensou ser correspondida. Amar é se jogar de um precipício e correr o risco de voar – ou de se esborrachar no chão. É, amar é assumir riscos. E foi amando, que ela se atirou naquele buraco negro, apesar de não ver o chão. Daí aconteceu aquilo que acontece na maior parte das vezes, ela se esborrachou, caiu de cara no chão, num acidente trágico, ainda que esperado. Você pode achar que é pessimismo meu dizer que é isso o que acontece na maior parte das vezes. Mas veja só como é a nossa sociedade, e conseqüentemente, alguns dos nossos desejos. Por volta dos vinte e tantos, trinta e tantos anos, tem-se que arranjar uma pessoa pra dividir a vida. Viver, por si só, já é coisa difícil. Amar, mais ainda. Porque quando você tem quinze anos você se apaixona em toda esquina, mas conforme o tempo vai passando, a gente já não consegue mais ficar se encantando fácil assim com qualquer sujeitinho. Enfim, como se não bastasse amar, que já é um negócio raro, ainda se tem que ser correspondido. E como se não bastasse amar e ser correspondido, a gente ainda tem que fazer o treco durar! Pra sempre, de preferência. Porque por mais moderna, contemporânea, pós-contemporânea, neo-moderna e descolada que se diga a nossa sociedade, ela ainda espera que a gente encontre alguém pra vida toda. E a gente ainda acredita no felizes para sempre. Por mais que saibamos, racionalmente, que isso não é possível, por mais que já tenhamos trocado o príncipe encantado de outrora (ou de Aurora - a Bela Adormecida?) pelo mais fofo, interessante, e real Shrek, a gente ainda busca uma felicidade completa. Mas não acho que isso seja ruim ou pejorativo, mas simplesmente é reflexo da tal da Esperança. A Esperança (sim, com letra maiúscula porque é nome próprio) é uma menininha chata, mimada e de pernas bem compridas, que não aceita nãos. E quando a gente tenta disfarçar e sair de fininho, ela corre atrás da gente, de um jeito todo desengonçado, e nos alcança, obviamente. E nos dá uma bronca de braços cruzados e cara de brava, oras, como é que você pôde pensar que seria possível viver sem mim? Ah, dona Esperancinha, a senhorita é uma fofa. Bem, mas voltando à nossa personagem, ela se jogou no precipício e se esborrachou. Caiu de cara no chão. A sorte foi que a dona Esperancinha tinha corrido atrás dela muito rápido, e amorteceu a sua queda. Sim, porque a Esperança é um travesseiro nas nossas vidas. Serve pra gente deitar a cabeça e sonhar, ou pra amortecer quedas. Hum...Acho que engoli o meu travesseiro.
Fonte: Blog Confraria dos Trouxas.
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