terça-feira, 4 de maio de 2010

As paixões sempre me são "sazonais" – vem e vão ao seu bel prazer, deixando-sempre a mercê das suas devastadoras conseqüências. É o meu vício, a minha doce e entorpecente substância que me faz perder o tino, desmedir conseqüências, flutuar sem me preocupar com nada além alimentá-la cada vez mais e mais dentro de mim. Dentro de mim, subentende-se a individualidade. E é completamente egoísta a paixão. É um sentimento ligado ao ego, desejo e às suas necessidades mais incontroláveis e sem nexo entre realidade e possibilidade de acontecer.


O primeiro sinal é a falta de apetite; nutrição física é algo sempre desnecessário. Logo aparecem os tremores – fruto da inanição e ansiedade, seguidos incansavelmente pelos arrepios na pele. A temperatura do corpo muda completamente, aumenta bruscamente. Os olhos irradiam um brilho incomum, notado por todos, até pelos com baixa acuidade visual - os desacreditados. Recolher-se para deitar é a mais agradável das sensações – sempre com um sorriso incontido no rosto e suspiros cadenciados com as batidas do coração.


Sem sombra de dúvidas, a sensação que mais me deixa eufórica é sentir a pulsação, o sangue correndo pelas minhas veias, é sentir-se viva e desprovida completamente de amarras que, diga-se de passagem, eu nunca as tive. É perder completamente a noção de tempo e espaço. De repente tenho todo o tempo do mundo e me sinto tão grande que não me caibo em mim mesma.


Tudo resume-se a perder completamente o controle, algo que me apetece de tal forma que faço o que for possível para aproveitar cada momento deste, mesmo que sozinha agora...


…mas por pouco tempo.

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