segunda-feira, 20 de junho de 2011

O texto de uma cronista brasileira abre-nos uma perspectiva importante e delicada a respeito do amor. Suas linhas dizem:

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos trinta. Não contaram pra nós que o amor não é acionado, nem chega com hora marcada. Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, e que ninguém em nossa vida é capaz de carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta. Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um": duas pessoas pensando igual, agindo igual, que era isso que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: Anulação. E que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.

Nunca antes o Amor foi tema de tantos textos, estudos, experiências e obras literárias. Conforme a experiência, a inteligência humana vêm se transformando; transmuta-se também nossa forma de ver e viver muitas coisas.
Assim, caem mitos e erguem-se novas verdades, mais maduras e equilibradas. Qualquer cogitação mais aprofundada, hoje, nos mostra que a idéia de não sermos completos, de que precisamos de uma suposta "outra metade", para que só assim possamos ser felizes é bastante absurda e, no mínimo, questionável.
A imagem romântica das "duas partes", da união entre dois seres é, sem dúvida, repleta de beleza, mas só a evolução do pensamento para nos mostrar belezas ainda mais grandiosas.
O quanto é belo e esperançoso saber que podemos encontrar felicidade não apenas com uma alma, mas com várias! E aqui, a palavra "com" é deveras importante, pois vamos descobrir que não encontraremos a felicidade "nas" pessoas, mas sim, "com" elas.
A felicidade é nossa responsabilidade, é conquista individual.
Quanta alegria no coração daqueles que "perderam" grandes amores, e que descobrem poderem ter muitos deles nesta e em outras experiências!
Quanto consolo para as lágrimas dos que amaram e não foram correspondidos. Para os que sofreram os reflexos da imaturidade e desequilíbrio dos seus amados.
Há muito para amar. Há muitos para amar. Proclama a verdade da razão.
Muito para aprender na vida a dois, na convivência diária com as diferenças, e nelas o grande segredo do crescimento.
Desfrutamos do conforto e proteção nas naves da felicidade, em nosso castelo "lar", graças às afinidades, é certo.
Porém, é a sabedoria e a maturidade (juntas), conquistadas na convivência com as diferenças, as grandes construtoras dessas paredes vastas é rígidas que asseguram o sucesso da empreitada doméstica.
A visão ampla e definida que já podemos ter, nos mostra de uma lado a anulação, do outro a tirania e a dominação, e faz-nos assim escolher o caminho do meio.
O caminho da individualidade completa na essência, que na convivência com outros vai se moldando e crescendo, perfectível que é, por natureza.
Você sabia que as almas gêmeas, no sentido absoluto do termo, não existem?
"Deus jamais criaria seus filhos pela metade. Seriam incompletos!!!"
Trata-se, sem embargo, de uma expressão poética, exatamente para representar aqueles indivíduos que têm excelente encaixe psicológico de tal modo que se completam psíquica e afetivamente.
Não passa de um símbolo para exprimir os grandes entrosamentos psíquicos, as grandes afinidades entre almas...

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