quarta-feira, 27 de junho de 2007

Um amor pra recordar!

Provavelmente você já ouviu falar sobre um filme com este tema ou talvez, como eu, já o tenha assistido diversas vezes. São vários os aspetos, do longa-metragem, que chamam a atenção, mas, refiro-me principalmente ao poder e à força transformadora que o amor exerce na vida das pessoas, o que, aliás, é bem evidenciado neste romance vivido por Landon, o rapaz mais popular e desajustado da escola, e por Jamie, uma estudiosa e compenetrada garota que jamais imaginou sequer conversar com ele [Landon], muito menos se apaixonar por ele. O certo é que para a surpresa dos dois e mais ainda dos colegas, é isso que acontece. Landon, punido por sua má conduta, vê-se obrigado a fazer coisas que não gostaria como dar aula a crianças especiais e a atuar em uma peça teatral. Jamie, que tinha como filosofia de vida fazer sempre o bem, resolve ajudá-lo, mas com uma condição: Que ele não se apaixone por ela... A beleza do romance, no entanto, está em perceber que a vida dos jovens ganha um novo sentido quando corajosamente assumem a nobre e desafiante missão de amar e ser amados – indo além dos medos e diferenças. É nisso que quero me deter, pois até hoje desconheço uma força mais poderosa e transformadora que o amor. Quem conhecer alguma, por favor, me apresente!“O Amor é paciente, é benigno; não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha” (I Coríntios 13:4-8a).Mas espera aí! Já que o amor é tudo de bom, por que será que é tão difícil deixar que ele brote de dentro de nós e irradie o mundo? Por que é tão difícil mexer no coração e deixar-se amar por outro alguém? Como compreender que seja tão complicado ser frágil, depender dos demais e deixar que conheçam nossas franquezas, toquem em nossas feridas... Se amar é justamente nossa principal vocação? São perguntas que despertam inúmeras respostas, mas talvez nenhuma delas cale um coração inquieto.É que a linguagem do amor vai além da razão e até mesmo das experiências. Fala segundo os códigos do coração – e o que não vem de um coração – dificilmente chegará a outro. Talvez seja por este motivo que nem sempre as respostas que recebemos nos devolvem a quietude. Concordo com quem diz: “Tens que saber que para o amor não existe manual pronto, deves criar o teu”.Nesse filme [“Um amor pra recordar”], parece-me que Jamie e Landon criaram seu próprio manual, e deu certo: o milagre da transformação aconteceu na vida dos dois em pouco tempo. Mas é feliz quem pode testemunhar este milagre além dos filmes, além das teorias. É com muita sabedoria que Frei Raniero Cantalamessa afirma:“Devemos dar mais espaço às «razões do coração» se quisermos evitar que a humanidade volte a cair em uma era glacial.” Ainda com outras palavras, continua explicando que em matéria do coração a técnica é de bem pouca ajuda, ressaltando: “Empenham-se desde há muito tempo em criar um tipo de computador que «pensa» e muitos estão convencidos de que vão conseguir chegar lá. Mas ninguém até agora projetou a possibilidade de um computador que «ame», que se comova, que saia ao encontro do homem em um plano afetivo, facilitando-lhe amar, como lhe facilita calcular as distâncias entre as estrelas.” Embora se der pouca atenção ao assunto, já que vivemos em uma era aparentemente movida pela técnica, sabemos bem que a felicidade ou a infelicidade na terra não dependem tanto de conhecer ou não conhecer, ter ou não ter, mas sim, de amar ou não amar, de ser amado ou não ser amado. E isso é bem certo! É certo também que o amor é exigente, leva à renúncia, ao sacrifício.Talvez seja por isso que estamos tão ansiosos em aumentar o conhecimento e haja tão poucos interessados em aumentar nossa capacidade de amar: “É que o conhecimento traduz-se automaticamente em poder e o amor em serviço.” Optar pelo sacrifício em plena modernidade parece contraditório, mas é aí que se esconde um segredo essencial na conquista da tão sonhada felicidade. Quem se arrisca a desvendá-lo, certamente é feliz. Os benefícios do amar compensam os sacrifícios que ele implica.Então ama! Diz o poeta. “Ama e dá asas a tua alma pra que ela voe livre e te leve às alturas desta nobre vocação! Desprende-te de quem te retém por prisioneiro, mas não recuses receber um gesto de amor”. Cultivemos o amor, que seja para recordá-lo ou tê-lo para vida inteira... Amemos, corajosamente, para fazer este mundo melhor!

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